Unicamp faz história com o primeiro vestibular da universidade para indígenas
iG São Paulo
Universidade de Campinas atraiu 610 candidatos indígenas que disputam mais de 70 vagas em diferentes 34 cursos nos campus de Campinas e Limeira
Unicamp realizou vestibular apenas para indígenas neste domingo (2)
Foto: Divulgação/Unicamp
Com o objetivo de aproximar as formas de ingresso no ensino superior de estudantes com características regionais e culturais, a Unicamp aplicou neste domingo (2) o primeiro vestibular indígena da história da instituição.
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As mais de 70 vagas de 34 cursos diferentes da Unicamp serão disputadas por 610 inscritos. Para diminuir o número de ausências devido à dificuldade de deslocamento dos candidatos de diversas etnias, as provas ocorreram em cinco cidades: Campinas (SP), Dourados (MS), Manaus (AM), Recife (PE) e São Gabriel da Cachoeira (AM).
Esta foi a primeira vez que uma universidade pública ofereceu vestibular em São Gabriel da Cachoeira, que fica a 850 quilômetros de Manaus.
As provas começaram a ser aplicadas às 13h. Foram 50 questões de múltipla escolha, além da redação, para os futuros enfermeiros, administradores, farmacêuticos, engenheiros, geógrafos e arquitetos. De acordo com a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), o curso com maior concorrência é enfermagem, com 95,5 candidatos por vaga, seguido por farmácia, com 23,5 candidatos/vaga.
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A escolha dos cursos foi feita após consultas a líderes de comunidades indígenas para se descobrir o maior interesse da população.
“O número de candidatos inscritos surpreendeu por suas características regionais, com destaque para a expressiva presença dos estudantes de São Gabriel da Cachoeira e pelos interesses que os candidatos demonstraram nos cursos oferecidos pela universidade”, destaca o coordenador executivo da Comvest, José Alves de Freitas Neto.
A escolha dos locais das provas foi definida com base em experiências de outros vestibulares indígenas, como o da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde as provas já são aplicadas há 11 edições e o índice de abstenção atinge 40% em algumas cidades.
Para participar da seleção, os indígenas precisaram comprovar que pertencem a alguma etnia, apresentando declaração de três lideranças, do órgão regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) e justificativa sobre o vínculo com a comunidade. Dos 823 estudantes que se candidataram para o vestibular, 610 tiveram a inscrições homologadas.
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Para a recepção dos indíos, está sendo preparada uma programação específica em fevereiro de 2019. Além de um tour para conhecimento da universidade, estão sendo preparadas atividades de adaptação e apresentação dos projetos de apoio à permanência.
Segundo a Unicamp, os futuros universitários poderão se candidatar a bolsas de auxílio social para trabalharem em projetos interdisciplinares, bolsas alimentação e auxílio-moradia.
Fonte: ultimosegundo.ig.com.br