Mato Grosso lidera índice de envelhecimento entre quilombolas rurais e enfrenta desafios em serviços básicos e alfabetização

Mato Grosso apresentou o maior índice de envelhecimento entre a população quilombola residente em áreas rurais do Brasil, segundo dados do Censo 2022 divulgados nesta segunda-feira, 12 de maio, pelo IBGE. O estado tem 92 pessoas com 60 anos ou mais para cada 100 crianças de até 14 anos vivendo em territórios quilombolas rurais, o maior índice nacional nesse recorte.
Além disso, Mato Grosso também se destaca pela urbanização da população quilombola: 55,49% dos 11.729 quilombolas identificados vivem em áreas urbanas, colocando o estado em sétimo lugar nesse aspecto, atrás de estados como Rondônia e Goiás.
Apesar da presença urbana significativa, o acesso a serviços básicos ainda é crítico. Somente 1,8% dos moradores de territórios quilombolas oficialmente reconhecidos contam com coleta de lixo, o terceiro pior índice do país. Cerca de 65% dos quilombolas vivem em residências com precariedade no saneamento básico, seja por falta de água tratada, esgoto ou destinação adequada de resíduos.
A educação também é um desafio. O analfabetismo atinge 13,45% dos quilombolas com 15 anos ou mais, mais que o dobro da média estadual de 5,81%.
Um dos exemplos mais emblemáticos é a comunidade quilombola Mata Cavalo, localizada em Nossa Senhora do Livramento, a 42 km de Cuiabá. Reconhecida por sua importância histórica, cultural e simbólica, a comunidade reúne 711 moradores, mais de 70% dos quilombolas em áreas oficialmente delimitadas no estado.
Mesmo sendo uma das mais antigas do estado, Mata Cavalo enfrenta dificuldades com regularização fundiária, infraestrutura precária e acesso a serviços básicos. Ainda assim, preserva vivamente sua cultura por meio de festas religiosas, culinária tradicional e saberes ancestrais.
A história da comunidade foi registrada no documentário “Vivenciando a Cultura do Quilombo Mata Cavalo”, produzido em 2018 e selecionado entre mais de 900 projetos do Brasil no programa Revelando os Brasis.
Fonte: IBGE/Marilia Loschi.