Médico é indiciado por feminicídio e outros seis crimes após morte de adolescente em Guarantã do Norte

O médico Bruno Felisberto do Nascimento Tomiello, de 29 anos, foi indiciado pela Polícia Civil por sete crimes, incluindo feminicídio, após a morte da namorada, Kethlyn Vitoria de Souza, de apenas 15 anos. O crime ocorreu no dia 3 de maio, em Guarantã do Norte-MT.
Além do feminicídio por dolo eventual, quando o autor assume o risco de matar, Bruno também foi indiciado por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disparo de arma de fogo, dirigir sob efeito de álcool, entregar veículo a pessoa não habilitada, servir bebida alcoólica a menor de idade e dano ao patrimônio público. A soma das penas pode chegar a 62 anos de prisão.
Investigação e conclusão.
O inquérito foi concluído na última quarta-feira (14). Segundo o delegado Waner Neves, responsável pelo caso, foi descartada a hipótese de tiro acidental, como alegado pela defesa. Para a polícia, Bruno agiu com imprudência ao “brincar” com a arma dentro do carro, sem qualquer cuidado com a segurança da vítima.
“Se ele puxou o gatilho, não foi acidental. Ele afirmou que queria disparar para fora do veículo, mas assumiu o risco de acertar a vítima. Foi indiciado por feminicídio por dolo eventual”, afirmou o delegado.
Bruno também responderá por danos ao patrimônio público, já que, segundo testemunhas, ao receber a notícia da morte de Kethlyn, ele danificou janelas e portas do Hospital Regional de Guarantã do Norte, onde a jovem foi atendida.
Dinâmica do crime.
Em depoimento à polícia, o médico relatou que retornava para casa com Kethlyn após uma noite de diversão, ambos sob efeito de álcool. Segundo ele, a adolescente teria sentado em seu colo no banco do motorista e assumido a direção do veículo. Foi nesse momento que ele pegou a arma para “brincar” e acabou disparando, atingindo a jovem na cabeça.
O próprio Bruno levou Kethlyn até o hospital da cidade. Uma equipe médica tentou reanimá-la por cerca de 40 minutos, sem sucesso. A adolescente morreu ainda na unidade.
Repercussão e sindicância.
O caso gerou grande comoção e indignação, especialmente pela idade da vítima e a sucessão de irresponsabilidades relatadas. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) abriu uma sindicância contra o médico. A depender do resultado, um processo ético-disciplinar poderá ser instaurado, o que pode levar à cassação de seu registro profissional.
Um vídeo publicado nas redes sociais dias antes do crime mostra Bruno manuseando uma arma de fogo ao lado de Kethlyn, o que reforçou para os investigadores o padrão de comportamento negligente do médico em relação ao armamento.
Bruno se entregou à polícia no dia 5 de maio e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Ele segue preso enquanto aguarda os desdobramentos do processo judicial.