Polícia conclui investigação da morte de adolescente em Guarantã do Norte: Médico confessa disparo e é indiciado por feminicídio

A Polícia Civil concluiu, na última quarta-feira, 14 de maio, o inquérito sobre a morte da adolescente Kethlyn Vitória de Souza, de 15 anos, baleada dentro de um carro em Guarantã do Norte-MT. O principal suspeito do crime é o médico Bruno Felisberto do Nascimento Tomiello, de 29 anos, namorado da vítima, que confessou ter efetuado o disparo.
O crime ocorreu no dia 3 de maio. Segundo a polícia, o casal havia saído para se divertir e consumido bebida alcoólica. Pouco após deixarem o bar, em menos de 33 minutos, Kethlyn foi baleada, levada ao hospital e teve a morte constatada. Bruno se entregou à polícia dois dias depois, e sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva.
Cronologia do crime.
A investigação detalhou o passo a passo da tragédia, desde a saída do casal do bar até a declaração da morte no hospital:
- 00h55: Bruno e Kethlyn saem do Bar Contêiner.
- 00h58: Veículo conduzido por Bruno trafega pela Avenida Pioneiro José Nelson Coutinho.
- 00h59: Entram na Avenida Guarantã. Kethlyn é colocada no colo de Bruno, no volante.
- 00h59 – 01h: Disparo acontece dentro do carro.
- 01h01: Bruno dirige em alta velocidade pela Avenida Dante Martins de Oliveira rumo ao hospital.
- 01h02: Chegada ao Hospital Municipal.
- 01h02 – 01h28: Equipe médica tenta reanimar Kethlyn. Bruno se descontrola e danifica partes do hospital.
- 01h28: Hospital aciona a Polícia Militar.
- 01h31: PM chega, mas Bruno já havia fugido.
Indiciamentos e versão da defesa.
Bruno foi indiciado por sete crimes:
- Feminicídio.
- Porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
- Disparo de arma de fogo.
- Dirigir sob influência de álcool.
- Entregar direção a pessoa não habilitada.
- Servir bebida alcoólica a menor.
- Dano ao patrimônio público.
A pena máxima somada pode ultrapassar 62 anos de prisão, em regime inicialmente fechado.
Em depoimento, Bruno alegou que o disparo foi acidental. Segundo ele, no momento do tiro, Kethlyn estava sentada em seu colo, e ele teria tentado atirar para fora do carro, mas a arma falhou. Ao tentar verificar o motivo, o disparo ocorreu e atingiu a cabeça da adolescente.
Polícia descarta versão de acidente.
O delegado Waner Neves afirmou que a versão do disparo acidental foi descartada. Apesar de não haver intenção comprovada de matar, Bruno teria assumido o risco ao manipular a arma de forma irresponsável dentro do veículo, enquanto estava alcoolizado e com uma adolescente em seu colo.
Outras linhas de investigação.
A polícia também vai investigar a origem da arma e a relação entre Bruno e Kethlyn. Caso se comprove que o relacionamento começou antes de a vítima completar 14 anos, o que pode ser apurado com base em datas e depoimentos, o médico poderá responder por estupro de vulnerável. Kethlyn havia completado 15 anos em 31 de março.
Além disso, um vídeo publicado dias antes do crime mostra Bruno manuseando uma arma de fogo ao lado da adolescente, reforçando a tese da imprudência com armamento.
Bruno permanece preso à disposição da Justiça.
Fonte: PJC-MT.