Casos de estupro contra pessoas LGBTQIAPN+ crescem 800% em MT, aponta Anuário de Segurança Pública

O número de estupros contra pessoas LGBTQIAPN+ em Mato Grosso teve um crescimento alarmante de 800% em 2024, em comparação com o ano anterior. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgado na sexta-feira (25). O levantamento também aponta que os homicídios contra essa população quase dobraram no mesmo período.
Diante da escalada da violência, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) criou uma força-tarefa para combater crimes de homofobia e transfobia. De acordo com o tenente-coronel Ricardo Bueno, coordenador do grupo, é fundamental combater a cultura de preconceito ainda presente na sociedade.
“É necessário um esforço coletivo para aprendermos a respeitar as diferenças e não enxergar a sexualidade ou identidade de gênero como inferioridade ou incapacidade”, afirmou.
Atuação da sociedade civil.
O Instituto Jejé de Oyá, ONG que atua na defesa dos direitos da população LGBTQIAPN+, oferece acolhimento, acompanhamento médico e psicológico, além de ações de inserção no mercado de trabalho. O presidente da entidade, Sávio De Brito Costa, destaca que é preciso ir além da assistência emergencial.
“Nosso projeto busca dar autonomia e qualidade de vida. Precisamos de políticas públicas efetivas, com o envolvimento real da sociedade e dos gestores públicos”, defendeu.
Vítimas relatam experiências traumáticas.
O jovem Luccas Henry, pansexual e ex-morador em situação de rua, contou que sofreu assédio em banheiros públicos por três vezes e hoje participa de um programa social de acompanhamento.
“Foi uma situação horrível. A pessoa abriu a porta do banheiro mesmo sabendo que eu estava lá. Isso me marcou muito”, relatou.
Já a artista trans Josy Campos compartilhou que sofreu violência psicológica e física na própria família, principalmente vinda do pai, ainda na infância.
“A gente é violentada desde criança, com falas como ‘não senta assim’, ‘não se comporta assim’. Quando você se assume mulher, ainda te chamam de homem. Isso é transfobia estrutural”, destacou.
Dados de violência registrados contra LGBTQIAPN+
Tipo de crime | 2023 | 2024 | Variação |
Homicídio | 7 | 13 | +85,7% |
Estupro | 1 | 9 | +800% |